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Por mais que eu quisesse prolongar aquele momento, tive que interromper o beijo,  ele manteve meu rosto preso em suas mãos e nossas testas coladas.

-Você não sabe o quanto eu desejei que isso acontecesse. Ele sussurrou.

-Eu...eu preciso ir. A chuva tá cada vez mais forte e isso vai nos fazer mal. Disse me afastando dele e me virei pra sair, mas ele me segurou pelo braço.

-Alice, não faz isso com a gente.  Esse beijo só serviu pra mostrar que não tem porque a gente tá separados.

-Luan, eu não sei. Sinceramente não acho que seja uma boa  a gente ficar junto.

-Não acha? Como não. Eu te amo e sei que você sente o mesmo por mim.

-Acontece que só isso não basta.

-Pois eu acho que se tiver amor, o resto a gente constrói com o tempo.

-E eu acho que não confio em você como pensava.

-Eu já disse que não tive culpa naquele beijo. A menina quem me agarrou.

-Ah claro. Ri irônica. -E você não fez nada pra tirar ela de cima de você. Se você não tivesse dado abertura aquilo não teria acontecido.

-Abertura? Eu não fiz nada.

-Se não tivesse aceito que ela fosse a nega aquela noite, poderia ter evitado muita coisa.

-Vamos esquecer isso vai. Tentou me abraçar mas eu desviei. -Eu não aguento mais ficar longe de você.

-Eu não sei Luan. Eu sou muito ciumenta, você é muito assediado. Não sei se conseguiria aguentar. ME celular tocou. Era Renato. -Eu tenho que atender. Disse olhando pra ele e atendi.

-Oi Re.

-Onde você tá mulher. Te procurei na casa inteira.

-Eu vim dar uma volta no parque, mas já tô voltando. Você já tá na minha casa?

-Já. Vem logo antes que você pegue um resfriado.

-Eu tô indo. Abre a porta pra mim.  Disse e desliguei.

-É isso então? Ele me olhava desconfiado.

-Isso o que?

-Você e esse cara estão juntos. Por isso você não quer voltar.

-Juntos? Ri. -Para de neura Luan. O Renato é meu assessor e meu amigo só isso.

-Amigo? Eu não levo minha assessora pra dormir na minha casa.

-Se ela tivesse uns 20 anos e fosse gostosona, aposto que levaria, não só pra sua casa como também pra sua cama. Lancei um olhar de critica pra ele e me virei. Dessa vez ele não me segurou e eu pude seguir meu caminho. Ri algumas vezes por aquela discussão fora de hora. Depois de um beijo lindo, não tinha necessidade daquilo, mas foi mais forte que eu, eu precisava falar tudo aquilo, e realmente não sei se conseguiria confiar de novo nele. Cheguei em casa exarcada e Renato já me esperava na sala com uma toalha.

-Minha nossa senhora! Você é maluca só pode. Viagem marcada pra Milão e pegando uma chuva dessa. Tá querendo ficar doente mulher. Ele me repreendia.

-Eu não vou ficar se você for fazer um chazinho pra mim.

-Eu só vou porque quero muito fazer umas comprinhas em Milão. Riu e se virou indo pra cozinha. Fui direto pro meu quarto tomar um banho quente. Durante aqueles minutos que passei ali fiquei lembrando de tudo o que ele me disse. Eu sabia sim o quanto ele desejou aquele beijo, porque eu também o desejei muito. E ele tinha razão, eu o amo sim, amo muito, mais não sei se daria certo ficar com ele outra vez. Sai do banho e Renato já estava no quarto. -Aqui seu chá.

-Obrigado.

-Agora me conta onde você estava.

-Já disse que tava no parque.

-Eu sei. Mais você não ficaria lá, na chuva sozinha, essa hora da noite. O bofe escândalo também sumiu da festa logo que você saiu. Ri.

-Você não deixa passar nada né bixa loca.

-Ele estava com você?

-Estava. Ele me olhou como se pedisse que eu continuasse. -A gente se beijou. Fui logo ao ponto que ele queria que eu chegasse.

-Ahhh que tudo. E ai, se resolveram?

-Não!

-Não? Como não garota.

-Não sei Renato. Acho que não daríamos mais certo.

-Você só pode tá ficando maluca Alice. Um bofe daquele atrás de você e você fugindo.

-Ele não está atrás de mim coisa nenhuma. E tem mais. Ele não esperou nem meu lugar esfriar  e já foi logo arrumando um jeito de colocar outra na cama dele.

-Vocês estavam separados.

-Ele poderia ter vindo conversar comigo, se explicar não sei. Mas não, ele preferiu deixar as coisas como estavam e seguir a vida dele.

-Você terminou com ele e queria que ele fosse atrás de você?

-Se ele me amasse tanto como diz, teria ido, assim como eu fui atrás dele naquele show.

-E viu ele aos beijos com sua maninha.

-Tá vendo?

-É realmente complicado. Ele badalando o tempo todo e você ainda não ficou com ninguém.

-Você poderia resolver esse meu probleminha né?

-Nem vem. Se começar eu vou dormir lá no outro quarto.

-Poxa vida em Renato. Que tipo de amigo é você que não pode nem acabar com um momento de carência aqui da sua amiga.

-Eu sou o tipo de amigo que não gosta da sua fruta. Sinto muito mais se você quer que eu te ajude resolver essa carência vai ter que ser de outro jeito.

-Não quero de outro jeito. Quero do meu.

-Para Alice, assim você vai acabar me corrompendo.

-É a intenção bixa.

-Pois pode ir parando que não vai adiantar.

-Tudo bem Então. Tomei meu chá e me deitei de costas pra ele.

-Lice? Ele chamou depois que apagou a luz.

-Fala.

-Pelo menos dormir de conchinha a gente pode. Ri.

-Eu sei que você um dia ainda vai se render aos meus encantos.

-Vai sonhando gata. Vai sonhando. Cheguei mais perto dele e dormimos agarrdainhos.

Os dias foram se passando e chegou o dia de ir pra Milão. Minhas malas já estavam prontas, Renato passaria em casa pra me buscar e iriamos direto pro aeroporto. Nesse dias que se passaram, Luan não me procurou mais, Lais não me dirigiu a palavra e minha mãe teve uma melhora bem significativa. O que me daria total liberdade pra mandar Lais seguir seu rumo, mais isso só quando eu voltar de Milão, assim ela não ficaria esse tempo sozinha.

Em Milão, Renato conseguiu mais alguns contratos importantes pra mim. A semana que passei trabalhando foi bem corrida, como era de se esperar, e pra falar a verdade eu estava morrendo de saudade de toda essa agitação. As mensagens restritas continuavam e eu já estava prestes a mudar meu numero quando enfim a pessoa se identificou, o autor das mensagens era nada mais nada menos que Eduardo, o tal modelo que encontrei uma vez na balada e outra vez na festa de Thaissa. Conversamos por um longo tempo e ele me parecia bem interessante.

Estava arrumando minhas malas pra voltar pro Brasil quando meu celular tocou, me assustei ao ver o nome na tela, mais atendi.

-Oi Luan.

-Oi Alice. Tudo bem?

-Tudo sim e por ai?

-Tudo indo. Eu só liguei pra saber como você estava.

-Obrigado por se preocupar, eu estou muito bem.

-E como foram os desfiles ai?

-Maravilhosos. Me renderam muitos contratos importantes.

-Fico feliz por você. A...a Bruna está com saudade de você.

-Eu falei com ela tem uns dias, diz a ela que também estou com muita saudade.

-Digo sim. Bom, eu tenho que desligar. Resolver umas coisas aqui pro show de hoje a noite.

-Vai lá. Boa sorte no show.

-Obrigado.

Desligamos e  eu fiquei sorrindo feito uma boba apaixonada. Receber essa ligação inesperada fez bem pro meu coração, acho que despertou tudo aquilo que estava dormecido dentro de mim. Espero que quando voltar pro Brasil,não tenha nenhuma noticia inesperada.

[...]

Desembarcamos em Londrina e Renato foi me deixar em casa. Chegamos e ele me ajudou com as malas, como era do almoço ele se juntou à nós. Contei a minha mãe como foi tudo por lá e ela parecia meio distante, sempre que a questionava, ela mudava de assunto, então não insisti mais. Fui pro meu quarto e só sai de lá na hora do jantar. Estava tão eufórica com tudo o que aconteceu em Milão e cansada pela viagem que me esqueci de um detalhe.

-A Laís tá de plantão? Não vi ela por aqui hoje.

-Sua irmã já foi embora filha. pensei que tinha te contado.

-Acho que não. Ou eu não me lembro, sei lá. Mais quando ela foi? Porque?

 -Ela foi ontem, só não me disse pra onde.

-E por isso a senhora está com essa cara?

-Que cara? Eu estou normal.

-Não está não. Desde que cheguei notei que a senhora está diferente. Eu falo e a senhora parece distante.

-Impressão sua filha. Eu estou normal.

Não insisti mais no assunto e confesso que por dentro estava radiante por lais ter ido embora, mais que isso era estranho era. Ela veio pra cá por falta de dinheiro e agora foi embora assim do nada. Bom, seja lá o que for, ela sabe o que faz. Terminei de jantar e subi pro meu quarto.

Luan On

Sai do show cabisbaixo, sem vontade pra nada, apenas tomar um banho, me jogar na cama e dormir.

-Bora pra balada Luan. Rober chamava enquanto caminhávamos em direção a van.

-Não tô afim não cara. Disse e ele não insistiu. Chegamos no hotel e ele me acompanhou até o quarto. Fui direto pro banho e ele ficou lá jogado no sofá. Não sei o que estava acontecendo comigo, mais eu não tinha mais vontade pra nada, quer dizer, eu sei sim o que estava acontecendo comigo. Alice. eu posso ter tudo o que eu quiser, todas que eu quiser, mais de que adianta se eu não posso mais ter ELA. Sai do banho e me joguei na cama.

-Que foi macaco? Tá estranho.

-Sei lá testa. Parece que tá faltando alguma coisa sabe?

-Faltando alguma coisa, ou faltando alguém? Ele se sentou direito. -Tá arrependido de ter terminado com ela?

-Não foi eu quem terminei.

-Mais você deixou que ela partisse, não foi atrás dela. Tá arrependido?

-Olha pra mim, você acha que eu me arrependi? Eu saio quase todos os dias. Eu peguei a mãe, a filha, a prima, a tia e só não peguei a vó da vizinha, porque ela era banguela. Eu tenho cortesia pra entrar nas melhores baladas. Eu esnobei as garotas que todos os homens queriam pegar. Transo de segunda à sábado, e domingo eu jogo video game. Detalhe, sem ninguém me chamando pra ir ver a porra do casal feliz no Faustão ou sei lá o que. Me mandam mensagens o dia todo e se você perguntar se eu leio alguma eu vou te dizer que não. Eu posso ver filme pornô, levar a guria que eu quiser pra minha cama e depois chamar o taxi pra ela ir embora. Eu sou o que elas querem de qualquer jeito. E eu, quero todas de qualquer jeito, mas só um pouquinho cada uma. Chamo todas de bê, pra não errar o nome de nenhuma. E por que diabos elas acham que isso é fofo? Eu saio na rua com o som alto no carro e posso escolher a dedo, quero essa, depois essa e mais tarde, essa. Não tenho que ir no cinema ver as comédias românticas e falar “own amor, eu faria o mesmo por você”. Não tenho que deixar de ir pra balada pra fazer um lanchinho em família. Não preciso me preocupar em horário e olho pra quem eu quiser na rua. Camisinha eu tenho aqui do Bob Esponja até das Três espiãs demais. E eu ainda dou de brinde um moranguinho pra cada garota.Peguei a Carolzinha filha do Prefeito daquela cidade lá. A Jú, filha do gerente do banco. Loira, morena, ruiva, que gostava de pagode até a que gostava de gospel. Eu tenho o mundo na minha mão. E você me pergunta se eu me arrependi? Me arrependi caralho. Porque toda essa porra de vida perfeita nesse tempo todo que fiquei sem ela não teve valor nenhum depois que eu deixei ela ir.

-E se nesse tempo ela conheceu outro?

-Azar, que se foda. Eu vou até lá. Eu amo ela. É a minha garota e pronto. Não tem como fugir disso. Eu acho que estava precisando de espaço, ganhei o espaço e agora estou ouvindo os ecos da minha própria voz gritando o nome dela. Bonito isso que eu disse, né? Tem papel e caneta? Quero anotar pra ter o que dizer quando chegar lá. Ri pra disfarçar o nervosismo.

-Cara, pelo menos coragem você tem. A mulher é linda. Acabou de chegar de Milão, deve ter conhecido vários modelos bonitões por lá e você vai atrás dela?

-Valeu pela força testudo. Porra, você é meu parcero ou não?

-Sou cara, e sou realista também. Você sabe que a possibilidade dela ter encontrado outro é grande.

-Se isso tivesse acontecido a Bruna teria me dito.

-Será que teria mesmo?

-Sai daqui vai. Você não tá ajudando.

-Não. Agora é sério. Quer um conselho? Pega o telefone e liga pra ela. Conta que sente falta dela e que vai visita-lá. O orgulho não vai te levar a nada, só machucar, e você sabe bem a falta que ela faz, se você errou prove a ela que foi uma grande burrada e que vai fazer qualquer coisa para reconquista-lá. Quando a encontrar fale o quanto ela é especial, o quanto o sorriso dela te encanta. Segure a mão dela e  arrume o cabelo caído em seu rosto. Aproxime-se dela e fale baixinho no ouvido o que o seu coração mandar, e não esquece de dizer que a ama.  Mas faça isso antes que um outro alguém faça no seu lugar, e ela definitivamente esqueça de você. Olhei pra ele não acreditando em tudo aquilo que eu estava ouvindo.

-Porra! Em que filme você ouviu isso?

-Não ouvi em filme nenhum.

-Porque você não usa isso ai pra arrumar uma muié? Ri.

-Já tá bem melhor né? Palhaço. Ele jogou uma almofada em mim e eu joguei de volta nele. -Agora eu vu embora. Ele saiu e eu fiquei pensando em tudo o que ele havia me dito. Assim que chegasse em Londrina iria atrás dela e tentar concertar toda essa situação.

Alice On

Estava na sala folheando uma revista em que fui destaque na Itália quando minha mãe se sentou ao meu lado.

-Preciso te contar uma coisa. Ela parecia aflita.

-Pode falar. Aconteceu alguma coisa?

-Seu pai.

-O que tem esse ai?

-Ele voltou.

Eitahhhh. Demorei mais cheguei, capitulo grande, decisivo. Será que Luan vai mesmo atrás da Alice? Será que eles vão reatar? Pra onde será que Lais foi? Porque será que o pai dela voltou? O que será que vai acontecer agora? Quem vai responder essas perguntas? kkkkkkkkkkkkkkkkkk